Só nos tempos mais recentes, são vários os exemplos de jogadores que passaram por Portugal com sucesso e acabaram vestindo a camisa da seleção canarinha. Mas, segundo nos explica a Comparamais, site português especializado em comparação de preços e análises de mercado, nos próximos tempos a entrada de jogadores brasileiros em Portugal pode ficar mais dificultada…

Pedrinho no Benfica
Pedrinho custou 20 milhões de Euros aos cofres do Benfica

David Luiz, Eder Militão, Alex Telles, Ramires, Hulk, Casimiro, Luisão ou Ederson. Estes são apenas alguns exemplos de jogadores que, passando pelo futebol português, viram abertas as portas da seleção canarinha. Mas tudo indica que nos próximos anos venha a reduzir-se este número, já que o Covid-19 veio complicar bastante as contas dos clubes grandes de Portugal, o que promete reduzir o seu investimento em atletas brasileiros.

É verdade que Pedrinho, do Corinthians, foi já adquirido pelo Benfica por 20 milhões de euros, mas este negócio foi concluído em Janeiro, antes da pandemia. Como tal, esse foi provavelmente o último negócio por montantes elevados entre Brasil e Portugal nos próximos tempos, nos explicou o site português especializado em comparação de preços e análises financeiras, o Comparamais.

A verdade é que essa crise do Covid-19 fragilizou as finanças já muito difíceis de alguns clubes portugueses. Por exemplo, o Sporting Clube de Portugal tem sido notícias relativamente a vários atrasos nos pagamentos (embora também tenha a receber verbas, como do Recife pelo negócio do avançado André). Já o Futebol Clube do Porto, por onde têm passado muitos brasileiros antes de rumar a grandes clubes da Europa, aprovou recentemente o adiamento do pagamento de um empréstimo de 35 milhões para 2021. E mesmo o Benfica, com situação econômica mais favorável, confirmou que a pandemia lhe custou já mais de 20 milhões de euros nas contas, o que obriga a rever investimentos.

Sabendo-se que o mercado brasileiro tem praticado preços cada vez mais elevados na venda dos passes de jogadores, e que os clubes portugueses apresentam cada vez mais dificuldades de tesouraria, tudo indica que negócios dos melhores jogadores do Brasil para equipes de Portugal venham a ser cada vez mais escassos.

Como o Covid afetou os clubes portugueses?

Benfica, Porto e Sporting
Clubes de Portugal foram prejudicados pela Covid-19

A principal fonte de rendimento dos clubes portugueses são as receitas dos direitos de televisão, que estiveram suspensas enquanto o campeonato não foi retomado. Elas representam cerca de 32% de todo o dinheiro recebido, pelo que se percebe bem como a sua falta foi importante. Por esse motivo, a maioria dos clubes entrou mesmo em lay-off ou pediu aos jogadores para reduzirem os seus vencimentos durante a suspensão da Liga NOS. Apenas agora, com a retoma da competição, esse dinheiro volta a entrar nas contas bancárias dos clubes.

E se é verdade que esse dinheiro é importante, há que ter em conta que outras receitas continuam “congeladas”. Em primeiro lugar, estão definitivamente perdidos os 15% das receitas provenientes de bilheteira, já que os jogos se realizam à porta fechada. E esta é uma situação que pode até vir a estender-se até ao final do campeonato, e até mesmo para a próxima época. Embora não sejam montantes muito elevados, elas servem muitas vezes para os clubes liquidarem os vencimentos dos jogadores, significando que é necessário encontrar outras fontes de rendimento, ou ir buscar esse dinheiro ao que estava reservado atacar o mercado.

A Comparamais recordou que também o dinheiro proveniente de merchandising e acordos comerciais, que representam cerca de 25% dos montantes recebidos pelos clubes, foi claramente prejudicado sem vendas de camisas e outros produtos em dias de jogo, bem como por não ser possível explorar as áreas comerciais ligadas em dias de jogo.

A conclusão é que na pior fase da crise, com todas as lojas dos clubes fechadas e sem jogos, os proveitos dos clubes caíram praticamente 75%, levando as contas para o vermelho. E mesmo agora as quebras de receitas chegam perto dos 50%, excluindo da equação os proveitos das vendas dos passes dos jogadores. Como tal, há menos dinheiro, sendo o investimento na compra de jogadores um dos principais afetados no futuro.

Que alternativas encontram os clubes portugueses?
Obviamente, não podendo ir ao Brasil comprar craques para compor o plantel, a solução já apontada passa por investir nas suas camadas jovens. Como explica a Comparamais, os clubes portugueses estão obrigados a encontrar dentro de portas os talentos que muitas vezes encontram do outro lado do Atlântico (não apenas no futebol canarinho mas também na Argentina, Uruguai ou Paraguai).

O Benfica, com negócios como João Felix (120 M€) ou Renato Sanches (35 M€) já mostrou que essa é uma via alternativa com potencial econômico, e tem vindo a explorar cada vez mais a área da formação. Agora também o Porto, vencedor da última Youth League (a Champions das camadas jovens) e o Sporting (que formou Cristiano Ronaldo, Figo e outros craques) apontam para o mesmo caminho… E com os jovens formados no clube a ocupar esses espaços nos plantéis, o número de compras promete cair, com impacto nas muitas compras de jogadores no Brasil.

Esta situação em Portugal é também extensível a muitos outros campeonatos europeus, o que serve de alerta para os clubes brasileiros. Afinal, habituados a exportar todos os anos muitos atletas para os clubes europeus, esta crise no centro financeiro do futebol mundial vai também ter reflexos nas contas das equipas brasileiras. Ou seja, também elas serão obrigadas a encontrar novas formas de rendimento, já que serão, por consequência da redução nas vendas de passes, afetadas pela falta de dinheiro dos clubes de futebol na Europa...


Por Sidney Barbosa da Silva.
Página adicionada em 08/Junho/2020.

 

Shopping Campeões do Futebol

Ir ao Topo