AceOdds últimos códigos promocionais de apostas

Matéria de Lenivaldo Aragão, em 15/Abril/2007, no Blog No Pé da Conversa.

Sem estádio próprio ficou difícil crescer

As novas gerações não têm idéia da importância do América, em épocas já remotas. Se hoje o futebol pernambucano tem três grandes equipes, até meados dos anos 50 do século passado eram quatro. Tanto que o encontro entre o alviverde e o Náutico era denominado de Clássico da Técnica e da Disciplina.

Os concursos com tampinhas de refrigerantes, como a laranjada Cliper, traziam a foto dos craques do América, junto com os do Náutico, Sport e Santa Cruz.

Velhos americanos atribuem à falta de um estádio, ao contrário de Náutico, Santa Cruz e Sport, um dos motivos de o América ter encolhido através dos anos.

Na verdade, o alviverde não tinha pouso certo. Ora treinava nos Aflitos, ora na Ilha do Retiro – ainda não havia o Arruda – em troca da indicação daquele estádio para os jogos cujo mando lhe pertencia. O campo de Bebinho Salgado, em Apipucos, durante muito tempo acolheu os periquitos, como também eram chamados os americanos.

Em 1981, o alviverde transferiu seu futebol para Jaboatão dos Guararapes, cidade de grande porte geminada ao Recife. Era a tentativa de abrir um novo espaço e atrair o pessoal da terra. Não deu certo. Voltou para a Estrada do Arraial. Mais tarde houve outra mudança para Jaboatão. Mais frustração.

De uns anos para cá, depois que a Federação Pernambucana de Futebol, visando a evitar troca de favores, determinou que é necessário que o clube inscrito no campeonato indique um estádio para mandar seus jogos, que não seja o de qualquer um dos demais concorrentes, o América, a exemplo de um Íbis ou de um Decisão, recém-fundado, começou a andar de um canto para outro. Esteve em Bonito e Goiana, sempre contando com a ajuda, que não era lá essas coisas, do município.

Hoje, batalhando para voltar à elite, o Campeão do Centenário terá seu sonho adiado. Estava inscrito na Série A2, a segunda divisão pernambucana, para disputar o campeonato de 2007, mas tirou o time, literalmente. Levaria seus jogos para Goiana – 50 quilômetros do Recife, na Zona da Mata Norte -, onde já esteve no ano passado. Alegando falta de apoio da prefeitura, pediu afastamento do campeonato. Só que, de acordo com o regimento da FPF terá que voltar dentro de dois anos, sob pena de ser desfiliado.

Concorrente de peso ao título de campeão, o América lutava de igual para igual com alvirrubros, tricolores e rubro-negros, bem como com clubes já extintos – Torre, Flamengo e Tramways. Sua decadência coincidiu com o surgimento do Náutico, como potência. O clube dos Aflitos, situado relativamente perto do América, começou absorver a criançada da região que ia despertando para o futebol.

Sem renovação

O veterano jornalista Hélio Pinto, já aposentado, sempre se declarou torcedor do alviverde, cujas atividades acompanhava de perto. Segundo ele, com a incrementação do profissionalismo o América afundou.

- Faltou renovação de dirigentes e faltou dinheiro. Alguns que se prontificavam a colaborar nada tinham a ver com o clube. Como não conseguiam lugar nos clubes dos quais eram torcedores, transformavam-se em americanos somente para aparecer nos jornais, declarou Hélio certa vez, em entrevista ao extinto semanário Tablóide Esportivo.

Nostálgicos, velhos americanos relembram glórias de tempos idos. Eram tempos em que o clube reunia figuras de expressão, como o comendador Arthur Lundgren, fundador das antigas Lojas Paulista, mais tarde Casas Pernambucanas, os irmãos Moreira – Zezé, Rubem e João – os Leça, os Cabral de Melo – o poeta João Cabral chegou a jogar no juvenil americano, tendo convivido com seus primos, os irmãos Lula e Sizenando Cabral de Melo, que ajudaram a construir a história do clube.

Por falar nos irmãos Moreira, um deles, Zezé, pai do ex-presidente do Santa Cruz, José Alexandre Moreira, o popular Mirinda, e do atual presidente do Conselho Deliberativo alviverde, José Amaro Moreira, foi o responsável pela construção da sede, inaugurada em 19 de dezembro de 1951.

Os saudosos carnavais promovidos pelo América eram marcantes, terminando infalivelmente com uma bacalhoada na manhã da Quarta-feira de Cinzas.

O Momento Atual (2011)

Vice campeão da Série A2 em 2010, o América, depois de 15 anos volta à primeira divisão, e continuará mandando seus jogos no Estádio Ademir Cunha, em Paulista, sua atual sede.


Fonte: Matéria de Lenivaldo Aragão, publicada originalmente em 15 de abril de 2007.
Página Criada por Sidney Barbosa da Silva
Página adicionada em 03 de abril de 2011.